17 de março de 2008

A Ordem Têxtil

Estranho o prazer de passar roupas.
Sim, passar roupas.

Vê-las retorcidas, conseqüências de centifugações, enxágües e secagens ao sol.
Roupas que carregam consigo nossos dias, nosso suor.

Acumulam-se em montes, indistinguindo-se por importância ou maciez.
Todas alí para um fim.
Serem passadas.
Serem esclarecidas.

Roupas se equiparam a problemas.
Quando maior o requinte, maiores as precauções.
Quanto mais delicado o tecido, tanto maior a necessidade de cobri-lo com panos.
Se é tecido grosso, a força nos move.
Se é camisa de trabalho, engomamos.
Se muito amassado, envolve-se em uma neblina cega de vapor.
O avesso pode ficar amassado, mas o lado de fora, impecável.

E, em poucos vai-e-vens de mão, o problema se torna liso.
O tecido se soluciona.
Conserta-se o consertável.

E sentir o que outrora foi sujo, jogado, banhado, enxagüado, rodopiado, torcido, esturricado.
Senti-lo macio. Sem pregas, ranhuras.
Vê-lo adaptar-se confortalvelmente às diversas circunstâncias.
E torná-lo apresentável.
Dobrar, costura sobre costura, e acomodá-lo em pilhas, não montes.
Grandes colunas fortes que se formam com a sua resolução.
Um alicerce de roupas.

14 de março de 2008

Sobre o aquecimento.

Especialistas dizem que o caos do aquecimento global se agrava a cada dia, e que é provocado por ações individuais até então rotineiras na nossa concepção.

Mas isso tudo é uma grande invenção!
Sensacionalismo barato, como não?!
Tudo pra dar IBOPE!

Pois lhes contarei a mais pura verdade.
Há alguns anos atrás, numa viagem à Antártica, agonizando sob o impiedoso frio da região, fiz minha caminhada do dia.
Nada, além dos habituais encontros com foquinhas amistosas e pinguinzinhos engravatados, interferiu no meu bucólico caminho... até que, ao olhar um pouco mais a frente, em meio a toneladas de neve, eis que surge um longínquo ponto preto.
Mais tarde, vim a constatar que não se tratava de uma pedra ou uma mancha de petróleo, mas de uma pessoa, um velho, barbudo e maltrapilho. E este se encontrava lá, concentrado numa atividade até então desconhecida.
E, em meio a congelante atmosfera, fui até ele. E, conforme chegava mais perto daquela estranha figura, senti calor, sim, calor. E percebi então que, no entorno do homem, a neve se derretia, lentamente mas de maneira eficaz.

E por fim, há apenas uns metros dele, já não poderia seguir em frente, tendo em vista que o solo já não era estável.
Mas persisti, e fui até ele, afundando algumas vezes, me afogando, sendo levada pela correnteza de gelo derretido. E o senhor lá, imóvel. Concentrado em sua missão.

Gritei:
-EI! SENHOR! NÃO FIQUE AÍ PARADO, ME AJUDE!
Ele respondeu:
-Não posso.
-POR QUÊ??
-Estou fazendo meu jantar.
-AH! ÀS FAVAS COM SEU JANTAR! ME AJUDE!

E depois de um longo silêncio, com a expectativa me dominando, ele se levantou e disse:

- Daqui a 2 minutos, ok? O miojo não pode esperar.




E eis aí a verdadeira teoria sobre o derretimento das calotas polares.
A culpa é do velho eremita que come Nissin Lamen todo dia.
Que parar de poluir o quê!
Vamos é matar a merda do velhinho!
E ainda dizem que ele dá presente no Natal. Hãmpf!

E TENHO DITO.