18 de novembro de 2008

Luto à Incoerência da Morte



Seria hipocrisia minha me referir a ele como um grande amigo que tive num passado não tão distante. Era antes um colega, com quem na realidade nem tive muito contato, e o pouco que tive, escasso pela falta de afinidades, extinguiu-se inteiramente durante o duro processo de separações colegiais.

No entanto, a morte dele na última semana cruzou com a minha vida de tal forma que se torna difícil dizer que ele foi alguém que simplesmente passou despercebido em minha vida.

Sua morte nos desperta para um sentimento mais elevado que o pesar, para uma saudade maior do que a movida pelo contato cotidiano. Sua perda nos torna incrédulos perante inevitabilidade da tragédia.

Repito, não era sua amiga.
Mas ainda lembro da alegria que parecia não cessar em sua fala desajeitada e nos seus modos bagunceiros.
Uma alegria que chegava até a irritar, às vezes.
Uma alegria que nos torna cegos diante do motivo que o fez partir.

E ainda assim, a pergunta não é: "O que o fez optar pela morte?"
E sim: "O que não o fez optar pela vida?"

Se me permite, nossas relações se estreitaram por essa tragédia.
As tais "afinidades" supervalorizadas do dia-a-dia perdem seu efeito preconceituoso numa situação dessas.
Tornamo-nos mais afins; Unimo-nos, mesmo que separados agora por uma barreira temporariamente intransponível.
Gostaria de ter sido sua amiga agora.
Não para te convencer a não se matar, mas para ajudá-lo a ver que a vida não é tão ruim assim.
Sinto pelos seus pais, amigos e parentes... pessoas que te amam e que fariam de tudo para te ver esbanjar aquela alegria novamente.
Sinto por você, que poderia ter um futuro lindo.

Vá em paz, Deivid.
Sentiremos sua falta.