28 de dezembro de 2007

"?"

Aaaah! Como eu queria que tudo acabasse agora!
Uma devastação de todos os problemas
Numa grande e imensa explosão que dissipasse todos os temores e remorsos...


Mas a fuga não é uma opção.

Estou numa encruzilhada, não possuo nenhuma galinha preta e tenho que escolher.

Por que não seria possível uma conciliação?

Pergunte aos Ursinhos Carinhosos! Talvez no mundo deles isso seria uma alternativa.


Não quero me fazer de coitada aqui.

Sou responsável por tudo o que está acontecendo.

Poderia ter impedido?! Lógico!

Mas não quis.

Burrice? Vai saber!


Minhas escolhas resultaram nos meus problemas que causaram uma atmosfera de caos.

As escolhas que deveriam ser minhas.
Os problemas que deveriam ser meus.


E TUDO SE TRANSFORMOU NUMA MASSAROCA DE MERDA!


Quanto mais se sova, mais ela fede.

Quanto mais se espanca, mais ela cresce.

Quanto mais se passa o rolo, mais ela se estende.


Grande merda tudo isso!


Aí a besta se coloca na posição dos outros

Tenta pensar da maneira racional tão comentada

E de repente seus sentimentos viram de utilidade pública

Seus atos agora parecem não fazer sentido

As soluções propostas passam a agradar

E vislumbra-se uma luz no fim do túnel

Agora tudo há de se resolver!


Mas calma.

Voltando ao meu corpo, à minha mente, aos meus sentimentos, às minhas decisões e à minha ausência de razão...

A solução dos meus problemas parece agradar aos outros apenas.

Algo simplesmente não cheira bem.


Tudo bem...
Me olho no espelho.
Vejo algo que os outros não vêem.

O que vejo não mostra o que eu quero, mas o que eu preciso fazer.

Sou alguém livre para optar.

E as opções disponíveis são para o bem dos envolvidos.

Reconheço meu egoísmo...

Há quem precisa de mim e há quem estaria melhor sem mim.

Talvez seja o melhor...ou não.


O simples se complica

O complicado tem a chance de se simplificar

O emaranhado de pensamentos me cega e me banqueteia com resoluções.

E agora minha única certeza é a de que não sei de nada.
Disso estou certa.



AAAAAAAAAaaaaaaaaaaaaah cansei!

14 de dezembro de 2007

Grande Natal!


Eba! O Natal chegou!

Abram as champagnes! Ou espumantes no caso de você ser alérgico.


Botem o peru no forno! Ou um franguinho atochado de farofa porque sua filha gosta.


Comprem nozes e frutinhas estranhas! Aquelas que não te fizeram nenhuma falta durante o ano, mas que agora vc PRECISA ter!

Enfeitem suas casas com luzinhas! Em que outra época vc pode esbanjar uma conta de luz maior que a do vizinho?!


Compre um belo pinheiro! Artificial.

Vá às compras num lugar bem movimentado! A confraternização de fim de ano é sempre bem-vinda...(por mais suada que ela pareça)


Compre coisas inúteis! E não é pra isso que o Natal serve?!


Presenteie quem ama com essas coisas! Elas nem vão perceber que você comprou só pra não ficar chato!

E por mais que você não goste de alguém... Dê aquele CD do Leandro e Leonardo para Crianças que você ganhou ano passado!

É tempo de fingida alegria, de barbas brancas de espuma, de bons velhinhos fazendo plantão no Shopping, de "mamãe, me dá aquilo! Não esse, o mais caro!", de abarrotar a 25 de março, de fazer boas ações porque "essa é a época de ajudar!", de musiquinhas enjoativas nas ruas, de famílias se reunindo por um peru, de sustentar mentiras de Papai Noel e Coelhinho da Páscoa pras criançinhas...

Chega a hora de esperar ansiosamente um velhinho cair da lareira....sendo que você não tem lareira! Nem churraqueira.



Feliz Natal!


1 de dezembro de 2007

A ânsia do beijo


O beijo envolve todas as sensações exprimíveis pelo homem.

Para começar, sentimos o calor do toque, a dança dos movimentos - quase ensaiados - acariciamos como que com medo de machucar sua pele - sempre macia para os apaixonados - e agradecemos enfim por estarmos apenas separados por nossas peles e roupas intrometidas, enquanto nossos corpos, ainda insatifeitos, insistem no desejo de se unir ainda mais.

E na sutileza do toque, sentimos o leve aroma do nosso amado. Mas não é o delicioso perfume produzido em alguma fábrica distante que nos apetece. É, sim, o perfume secreto e natural dos cabelos e da pele que nos atrae e envolve de uma maneira quase hipnótica, e entra em nossa alma como um invasor bem-vindo.

E então, para tentar expressar o que se passa murmuramos palavras de amor ao pé do ouvido, ou simplesmente ouvimos os doces sussurros ditos sem ensaio.

Enfim, o tato nos move novamente... e nossos lábios se tocam como se fossem destinados a ficar juntos, imantados pelo prazer de estar alí.
E nos inebriamos pelo sabor do beijo, sempre tão instável, obediente aos nossos sentimentos... Uma correnteza de não-pensamentos nos afoga, e não contentes com a total absorção, querem mais, sempre mais.

E na árdua separação dos lábios, é a vez dos olhos se encontrarem...
E por eles tudo o que não pode ser dito é transmitido e o não-tocado sente o calor de nossas mãos.
E em seus olhos castanhos e amendoados há um caminho sem volta, em que nos perdemos por estradas tortuosas e imprevisíveis, perigosos até. Mas nem por um momento queremos ser resgatados pela mão brusca da realidade.

O beijo faz parte do sonho que vivemos....Ou faria parte da realidade?
Faz parte do sonho real, da realidade paralela...
É uma das únicas pontes que conectam o mundo tão ínfimo e sólido à dimensões repletas do desejado irreal.

Sonho e realidade se misturam quando estou em seus braços, Vinícius.
Não importa se te beijo acordada ou no mais profundo sono, contanto que esteja com você.


Nada mais irresistível do que ansiar pelo seu beijo.

24 de novembro de 2007

Desabafo

Cansei de ser chamada de inconsequente.

Inconsequente é "quem não tem lógica nem conseqüência: incoerente, contraditório." Definição típica de um dicionário, mas não cabe a mim.

Detesto ter que contrariar mais uma vez meu pai em mais uma argumentação "justa" por excelência, mas, fato é que eu não sou inconsequente. Gostaria muito de ser.
Tenho consciência de tudo o que digo, tudo o que faço e principalmente tudo o que sinto.

Não digo o que digo para afrontar ou desmerecer ninguém.
Digo o que deve ser dito, para que a minha opinião seja válida.
Se digo disparates ou coisas ofensivas, peço desculpas, mas garanto que ainda assim sou consciente.
Nada foi dito numa atitude birrenta pelo calor do momento.
Digo o que precisa ser ouvido, e meus argumentos estão sujeitos a erros, assim como os seus.

Não faço o que faço para afrontar ou desmerecer ninguém.
Faço o que penso ser certo, ainda que não seja.
Faço por mim, não por minhas companhias.
Faço porque faço todo dia ou porque nunca mais poderá ser feito.
Penso antes de fazer, e faço porque penso demais.

Não sinto o que sinto para afrontar ou desmerecer ninguém.
Sinto porque preciso me sentir viva.
Sinto porque não ninguém me convenceu a sentir.
Sinto porque sentir não me foi imposto.
Sinto porque preciso de mais do apenas dizer e fazer.
Sinto sem saber por que o faço, sinto sem medir consequências, e sim! Chame-me então de inconsequente!
Mas não sem antes saber que o que é dito pode ser calado, o que é feito pode ser evitado, mas o que é sentido não pode ser arrancado nem proibido!

Cansei de ser censurada!
A mente voltada pro umbigo deveria ser banida!
As diferenças existem sim, e eu as amo mais que nunca!
Os problemas, obstáculos, e possíveis decepções que as minhas atitudes acarretarem serão de minha responsabilidade. Acredite, eu assumo todas as responsabilidades que dizem respeito à MINHA VIDA!

19 de novembro de 2007

A era dos amigos


A vida passa e a gente nem percebe.
Os dias nasceram, iluminaram, choveram, ventaram, aqueceram, esfriaram, clamaram por atenção a cada raio de sol e se tornaram mais belos ao pôr-do-sol.

Os dias são melhores testemunhas de nossas vidas do que nós mesmos. Reparam em cada segundo de silêncio, cada olhar de admiração, cada gesto de desprezo, cada suspiro de tédio. Reparam no que nos passa desapercebido, e não perdem nenhum detalhe, como um bebê que olha em volta em busca do desconhecido, os dias se redescobrem a todo momento, nunca esquecendo-se do dia anterior.

Conosco a vida passa diferente. Quantas vezes paramos pra ouvir o silêncio? Quando paramos de ser egocêntricos para ver a angústia muda de outro homem? Quantos olhares de amor já não perdemos por, simplesmente, esperar algo mais da paisagem além de um mísero olhar? E quando sentimos realmente o toque de um amigo? Ou um abraço de saudades? Até as coisas ditas nos são indiferentes. Elas geram um ardor momentâneo no coração, mas logo são esquecidas.

Tudo acaba sendo esquecido. O que foi dito, o que foi tocado, o que sofreu, o que amou. Nós não lembramos o por quê de termos amado algo, só o que sabemos é que, de fato, amamos.

Das situações se estabelece o amor, mas, uma vez já construído, que importância afinal tem as situações?! Elas não são critério de intensidade ou de valor, nem resumem o grande sentimento que delas foi gerado.

Sentiremos falta não das situações, nem do amor, mas sim das pessoas. Estas sim, nunca sairão de nossos corações.
Esqueceremos das risadas, dos conselhos, das lágrimas, dos rostos, das vozes.... mas olharemos para trás com saudades, daquilo que nem lembramos mais.

Mas os dias lembrarão, e os dias serão nossos amigos então. Aqueles que ao pôr-do-sol contarão coisas do passado, dos dias que já foram, ao lado dos amigos que foram com eles, e continuam lá, inseparáveis, esperando por nossas lágrimas para reviver em nossas memórias.

Os dias, os meses, os anos, o tempo, as vidas, os amigos...alguns permanecem, outros inesquecíveis, seguem caminhos opostos, mas nada se perde. Tudo está no diário reciclável da vida.

Esse incomum fim de ano, que ao mesmo tempo representa o fim de muitas outras coisas, o fim da rotina escolar, o fim da diária presença de nossos amigos, o fim de anos em que nada nos importava além do dia seguinte, em que sentaríamos novamente na mesma carteira, o fim de bhaskaras, de revoluções, fatoriais e sintaxes, o fim de amizades que não resistiriam além das paredes da escola..... o fim de uma era. Uma era de alegria, inocência, imprudência e proteção.


Amei cada momento.

12 de novembro de 2007

A flor e a náusea



Hoje tirei um tempo pra mim.
Aproveitei o fato de ficar trancada do lado de fora de casa e fui desbravar minha vizinhança.
E como o cárcere me esqueceu pra fora fiz o que qualquer pessoa faria. Fui até a praçinha meditar com os cocôs de cachorros não-cidadãos e com as pichações da juventude do país.

Não obstante, notei a pequena flor amarela que brotava ao lado de meu pé.
E lá me plantei com ela, sentindo o vento frio em minhas costas e o exalar da cidade à frente.
Olhando para os lados, saboreava com prazer a idéia de ser uma criatura abençoada pelo isolamento da metrópole, num canto esquecido pelos que já chegaram em suas casas para o conforto de suas televisões e abandonado por aqueles que nada mais querem além de voltar sãos e salvos para o lar.
E, apesar de estar cercada de prédios, e casas, e lojas, e vidas, tudo parecia sumir quando olhava para cima, contemplando a copa ao avesso da árvore.

E vi o meu avesso.
Começei a cantar canções de amor.
Canções de alegria e dor.
Canções para aqueles que deveriam estar no dever de suas obrigações no momento, muito preocupados com seus pensamentos para ouvir o que eu cantava.
E cantava pra mim. Fodam-se os moradores do prédio que querem prestar atenção na novela, foda-se o vento frio que me paralisava a cada baforada, fodam-se os vizinhos que levavam seus cachorros para o toillette!
Não que eu estivesse cantando alto...mas o baixo também pode incomodar. (Eu que o diga!)

E o que me passava pela cabeça era... nada! E tudo.
Pensei no tão admirado som dos passarinhos ao redor... e no quanto eles me irritam quando eu quero dormir até às 11!
Pensei nas palavras de um amigo...
Pensei no frio! Brrrr
Pensei no amor, em como ele pega no tranco, em como ele nasce, cresce, se reproduz e morre. É praticamente uma aula de biologia!
Pensei: "Nossa! Que dor de barriga!"
Pensei no aquecimento global... até esqueci do frio.
Pensei em Carlos Drummond de Andrade.... e lembrei daquela florzinha amarela e nauseante ao meu lado.
Pensei em rebeldia, em irresponsabilidade, em conformismo...
Pensei em Elis...e cantei Como Nossos Pais.

E depois de todas essas divagações...
Dois rapazes vem a meu encontro.
E sentam-se a poucos metros. E me observam.
E abocanham, mordem, estraçalham, mastigam e engolem minha brisa.
Brisa minha que me fez viajar por milhas sem fim sem sair do lugar.

E caí na real.
Doeu, mas estou bem.
Em casa, tomando chocolate quente...
E lembrando daquela pequena flor.