19 de novembro de 2007

A era dos amigos


A vida passa e a gente nem percebe.
Os dias nasceram, iluminaram, choveram, ventaram, aqueceram, esfriaram, clamaram por atenção a cada raio de sol e se tornaram mais belos ao pôr-do-sol.

Os dias são melhores testemunhas de nossas vidas do que nós mesmos. Reparam em cada segundo de silêncio, cada olhar de admiração, cada gesto de desprezo, cada suspiro de tédio. Reparam no que nos passa desapercebido, e não perdem nenhum detalhe, como um bebê que olha em volta em busca do desconhecido, os dias se redescobrem a todo momento, nunca esquecendo-se do dia anterior.

Conosco a vida passa diferente. Quantas vezes paramos pra ouvir o silêncio? Quando paramos de ser egocêntricos para ver a angústia muda de outro homem? Quantos olhares de amor já não perdemos por, simplesmente, esperar algo mais da paisagem além de um mísero olhar? E quando sentimos realmente o toque de um amigo? Ou um abraço de saudades? Até as coisas ditas nos são indiferentes. Elas geram um ardor momentâneo no coração, mas logo são esquecidas.

Tudo acaba sendo esquecido. O que foi dito, o que foi tocado, o que sofreu, o que amou. Nós não lembramos o por quê de termos amado algo, só o que sabemos é que, de fato, amamos.

Das situações se estabelece o amor, mas, uma vez já construído, que importância afinal tem as situações?! Elas não são critério de intensidade ou de valor, nem resumem o grande sentimento que delas foi gerado.

Sentiremos falta não das situações, nem do amor, mas sim das pessoas. Estas sim, nunca sairão de nossos corações.
Esqueceremos das risadas, dos conselhos, das lágrimas, dos rostos, das vozes.... mas olharemos para trás com saudades, daquilo que nem lembramos mais.

Mas os dias lembrarão, e os dias serão nossos amigos então. Aqueles que ao pôr-do-sol contarão coisas do passado, dos dias que já foram, ao lado dos amigos que foram com eles, e continuam lá, inseparáveis, esperando por nossas lágrimas para reviver em nossas memórias.

Os dias, os meses, os anos, o tempo, as vidas, os amigos...alguns permanecem, outros inesquecíveis, seguem caminhos opostos, mas nada se perde. Tudo está no diário reciclável da vida.

Esse incomum fim de ano, que ao mesmo tempo representa o fim de muitas outras coisas, o fim da rotina escolar, o fim da diária presença de nossos amigos, o fim de anos em que nada nos importava além do dia seguinte, em que sentaríamos novamente na mesma carteira, o fim de bhaskaras, de revoluções, fatoriais e sintaxes, o fim de amizades que não resistiriam além das paredes da escola..... o fim de uma era. Uma era de alegria, inocência, imprudência e proteção.


Amei cada momento.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mew, emocionante, comovente e original. Bravo! mas.... bem, espero q nossa amizade dure, como uma arvore, cada vez mais rica e saudável... te adoro, te amo, te quero gostosa, haha... um beijo, continue escrevendo delicinha....