29 de abril de 2011

Quando o pé dói tanto, torna-se preciso ascender.
Dói o chão pra não doer o céu.
Dói por medo de voar.
E então você fica nua em cena e se dá conta:
"Sou carne, afinal!"
É quando a luz que retém ou que é retida pela sombra de uma grade na grama passa a te preocupar mais do que a sombra em si, quando pra saber se o que te molhou foi chuva, você passa alguns minutos tentando distinguir as gotas olhando as lâmpadas dos postes, para depois ficar com uma marca furta-cor na retina que causa um buraco no mundo. É quando, depois de presa num ônibus por três horas, o que te chama é a luz amarela da rua junto à vermelha dos carros à frente e à azul do bagageiro, e então você deseja antes uma câmera fotográfica ao celular que a passageira à esquerda usa para ligar pra casa e pedir aos pais que conversem com ela antes que ela tenha um colapso nervoso.


O mundo desaba e você vende flores artificias para cabelos.
E o detalhe é o que te mantém sã.

24 de abril de 2011

Arde, Maria.
Maria fugindo, contra a ventania.
Que a vida, Maria, não passa de um dia, não vou te prender.
Anda, Maria, pois eu só teria a minha agonia pra te oferecer.