25 de abril de 2008

A igualdade dos anormais

Todos seguem parâmetros para serem únicos.

O desejo pela diferença não parece muito racional.
Tantos lutam pela igualdade, e ao mesmo tempo, vivemos em oposição à ela.
Nunca seremos únicos, por sermos todos.
Nossa personalidade depende dos outros para existir.
Evoluímos por comparação.

Somos catadores de qualidades.
Vemos graça em um, compreensão em outro.
E nessa absorção da nossa personalidade, alguns defeitos entram despercebidos.

Não é mera coincidência nos identificarmos com tantas pessoas nunca antes vistas,
que sofreram o mesmo processo que nós.
Ou nos negarmos a crer na semelhança com alguém que detestamos,
simplesmente por vermos nesse alguém defeitos nossos.

Construimos assim uma máscara, constituída não por gesso ou argila,
Mas por peles, carnes e ossos.
Somos réplicas, desde tempos remotos.

Ninguém é original, e ao mesmo tempo somos origem de muitos.
Originalmente medíocres.

Mas ainda assim, exaltamos um ser único.
Todos, no fundo, querem ser apreciados por sua diferença.
E vangloriam sua excentricidade.

"Não sou comum, sou excêntrico"
[Excentricidade: Afastamento em relação a um centro.]

E não enxergam que, os ditos "normais" vivem sua vida circular independente dos que estão a sua volta ou do que são rotulados.
Enquanto os "excêntricos" vivem em translação. E vivem em função do desapego de seu eixo, sua origem.

Quando aprenderemos que as diferenças nos separam?
Diferenciamos-nos ao nos igualar?



E viva a evolução!

18 de abril de 2008

Fuvest tarja preta.

"O vestibular é uma droga"

Perca suas faculdades.
Inspire carreiras, enrole o futuro em guardanapo.
Queime suas possibilidades.

Faça disso então a sua profissão.
E vicie-se na vida.

Pleonasmo do fim.

-"I'm making belive, that you're in my arms...."

-Shiuu!

-"...though I know you're so far way..."

-Quieta! Tô vendo o jogo!

-"...making believe I'm talking to you..."

-Será que dá pra ficar quieta?! Isso é importante!

-Um jogo? Do tipo que dura 90 minutos, e seus personagens principais são adorados ou odiados pela quantidade de gols que fazem?!

-Sem ironias, ok?! Me deixe sossegado aqui!

-Um jogo, de derrotas e empates....mais importante que nós.

-Ahh! O que você tem hoje, hein?! Não te fiz nada, mulher!

-Tem certeza?

-Claro! Estava aqui assistindo meu jogo tranquilo e você vem me encher a paciência.

-Acontece que você assiste o mesmo jogo...há anos.

-O que foi que você disse?

-Nada... esquece.
"...wish you could hear what I say..."

-Juiz ladrão do caramba!! Só pode ser falta de sexo!

-Disso você entende, né?!

-O quê, de sexo?! Ô se entendo!

-Não, de arbitrariedade mesmo.

-Como assim? Goooooooooooool!

-
Sem regras, sem obrigação, facultativo.

-Do que diabos você tá falando? Com esse gol a gente vai pra prorrogação!

-De mim...

-Humpf! TPM é foda.

-....e dela.

-Dela?! Quem?

-Uma vida inteira de derrotas e empates. E eu, ingênua, erguendo seus troféus.

-Quê?! De quem você está falando, hein?

-Dela! Ou melhor, Da Sua...

-Você só pode estar louca! Essas novelas põem isso na tua cabeça!

-"...making believe is just another way of dreamin', so till my dreams come true..."

-Pare de cantar! Você sabe que eu nunca tive nada com ela!!

-Nunca é nada... até virar alguma coisa.

-Mas nunca chegou a ser alguma coisa! Você é importante para mim!

-Final do campeonato...

-E..e..e...eu...sempre te amei.

-Noventa minutos...

-Quer parar?! Nosso casamento não é um jogo!

-Não...menos que isso. É arbitrário. Sem regras, sem obrigações, facultativo.
Sou o juiz, de uma partida sem jogadores.

-Tudo isso por que eu te pedi para parar de cantar?

-Tudo isso porque você me impediu de sonhar.

-Porque eu quero que você seja a minha realidade.

-Mas eu quero simplesmente viver minha vida de sonhos de ontem.

-Você é meu porto seguro.

-Para, ao dormir, sonhar com mares revoltos? Dispenso.

-Já vi que é inútil dizer "te amo".

-Prorrogação.

-Eu amo VOCÊ. Só você.

-E eu AMO você. Só amo.

-Acabou então.

-Seria pleonasmo dizer que acabou.

-Empate.

-Boa noite.

-Boa vida.

-Bom jogo.

-"...I'll whisper "Good night", turn out the light, and kiss my pillow..."

-"...making believe it's you."

8 de abril de 2008

Eu adoro uma boa hipocrisia!

(me referindo à palavra, obviamente)

7 de abril de 2008

Agora eu sei o que é cedo ainda.

4 de abril de 2008

2 de abril de 2008

Mercantilização da Beleza


Em decorrência do acelerado desenvolvimento tecnológico presente nas diversas áreas da ciência, há séculos, presenciamos a constante e insaciável transformação do mundo, sem nos darmos conta de sua gravidade. Paisagens vêm mudando, e - embora tão preocupante quanto - não são às geleiras e aos desmatamentos a que me refiro. A paisagem em questão é a da identidade pessoal, ou, melhor dizendo, da padronização da beleza.

Com a evolução nas técnicas de cirurgia plástica e tratamentos estéticos, as pessoas não conseguem mais enxergar e apreciar as qualidades que as diferem das demais. É o que ela mais querem, ser as demais. Aparentemente, há muitos seguidores da "malvada madrasta" de Branca de Neve ao redor do mundo, dispostos a tomar quaisquer poções ou fazer quantas horas de peeling quanto forem necessárias.

Por um lado, recorrer a soluções do tipo, aumenta a auto-estima - muitas vezes mais do que o suportável - dos inconformados de plantão. Por outro, descaracteriza-os de tal maneira que perdem a noção de quem são e vivem em função da famigerada beleza.

Preocupante é pensar que o mundo quer padronizar características antes admiráveis por sua beleza e naturalidade, agora dispostas em vitrines e vendidas aos lotes.

Porém, ainda podemos ter esperanças. Há séculos, padrão de beleza passa por mudanças drásticas. Mulheres já foram amadas por sua gordurinha adjacente, seus cabelos (permanentemente) armados, suas peles brancas, suas mini-saias. Pois quem sabe um dia o padrão não seja "despadronizar"? Ou seja, padronizar a naturalidade e constatar nela uma origem também natural, não produto de bisturis e descolorações.

A solução talvez seja estimular, e não impor a auto-confiança. Assim, passaremos a valorizar nosso real e sincero reflexo, ao invés de viver em função dele.
Continuo a mesma de sempre, igualzinha.
Sempre querendo mudar.