2 de abril de 2008

Mercantilização da Beleza


Em decorrência do acelerado desenvolvimento tecnológico presente nas diversas áreas da ciência, há séculos, presenciamos a constante e insaciável transformação do mundo, sem nos darmos conta de sua gravidade. Paisagens vêm mudando, e - embora tão preocupante quanto - não são às geleiras e aos desmatamentos a que me refiro. A paisagem em questão é a da identidade pessoal, ou, melhor dizendo, da padronização da beleza.

Com a evolução nas técnicas de cirurgia plástica e tratamentos estéticos, as pessoas não conseguem mais enxergar e apreciar as qualidades que as diferem das demais. É o que ela mais querem, ser as demais. Aparentemente, há muitos seguidores da "malvada madrasta" de Branca de Neve ao redor do mundo, dispostos a tomar quaisquer poções ou fazer quantas horas de peeling quanto forem necessárias.

Por um lado, recorrer a soluções do tipo, aumenta a auto-estima - muitas vezes mais do que o suportável - dos inconformados de plantão. Por outro, descaracteriza-os de tal maneira que perdem a noção de quem são e vivem em função da famigerada beleza.

Preocupante é pensar que o mundo quer padronizar características antes admiráveis por sua beleza e naturalidade, agora dispostas em vitrines e vendidas aos lotes.

Porém, ainda podemos ter esperanças. Há séculos, padrão de beleza passa por mudanças drásticas. Mulheres já foram amadas por sua gordurinha adjacente, seus cabelos (permanentemente) armados, suas peles brancas, suas mini-saias. Pois quem sabe um dia o padrão não seja "despadronizar"? Ou seja, padronizar a naturalidade e constatar nela uma origem também natural, não produto de bisturis e descolorações.

A solução talvez seja estimular, e não impor a auto-confiança. Assim, passaremos a valorizar nosso real e sincero reflexo, ao invés de viver em função dele.

Um comentário:

Marô Zamaro disse...

É bom falar sério de vez em quando.

[redação do cursinho - ainda não analisada pelo corretor, portanto, nada de notar os erros (y)]