Estranho o prazer de passar roupas.
Sim, passar roupas.
Vê-las retorcidas, conseqüências de centifugações, enxágües e secagens ao sol.
Roupas que carregam consigo nossos dias, nosso suor.
Acumulam-se em montes, indistinguindo-se por importância ou maciez.
Todas alí para um fim.
Serem passadas.
Serem esclarecidas.
Roupas se equiparam a problemas.
Quando maior o requinte, maiores as precauções.
Quanto mais delicado o tecido, tanto maior a necessidade de cobri-lo com panos.
Se é tecido grosso, a força nos move.
Se é camisa de trabalho, engomamos.
Se muito amassado, envolve-se em uma neblina cega de vapor.
O avesso pode ficar amassado, mas o lado de fora, impecável.
E, em poucos vai-e-vens de mão, o problema se torna liso.
O tecido se soluciona.
Conserta-se o consertável.
E sentir o que outrora foi sujo, jogado, banhado, enxagüado, rodopiado, torcido, esturricado.
Senti-lo macio. Sem pregas, ranhuras.
Vê-lo adaptar-se confortalvelmente às diversas circunstâncias.
E torná-lo apresentável.
Dobrar, costura sobre costura, e acomodá-lo em pilhas, não montes.
Grandes colunas fortes que se formam com a sua resolução.
Um alicerce de roupas.
3 comentários:
Ei moça adorei o texto!
Gosto muito de quem consegue colocar poesia na vida cotidiana.
Bjus
interessante...
Obrigado, mulher.
A leitura é recíproca.
Estarei atento a você e ao que deposita de suas mentes no seu blog.
Assim, havendo sintonia, aproveitarei a oportunidade para ter algo seu no meu.
Um abraço do Marcus.
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