24 de junho de 2008

Tarô-lógico

A inércia me consome.

Sou tomada por todos os lados por forças que me anulam.
A energia potencial em mim se deixa conduzir pela total letargia.
E sim, essa é uma referência a minha aula de física de ontem.

Mas, ignorando aulas, conselhos e condições...
O que eu quero?

Paira essa nuvem sólida sobre a minha cabeça, em contraposição a todos os objetivos que já me foram dados e /ou criados por mim.
Agora sou levada pela maré, mas a espera de que?
De um bote laranja que me conduzirá a terras firmes?
De uma pequena ilha com um coqueiro no meio?
De um grande continente, a minha espera para ser explorado?
Ou apenas de continuar a deriva, desbravando os mares e ficando com e pele toda enrugada?


Ah, a angustiante situação da escolha.

Pedi a minha irmã que tirasse meu tarô, outro dia.
'Um tarô mitológico', disse ela.
'Ai, me custou tão caro e já apresenta esses defeitinhos...'
É bom saber que o meu tão esperado destino está em algumas cartas defeituosas e custosas.
Pelo menos a coisa assume uma márcara mais real, mais contemporânea.

Mas, de fato, aquele tarô me assustou.
O ilustrador deveria ganhar um prêmio Nobel de Terror, com suas facetas obscuras e significados ocultos nos lugares mais insignificantes, como o Lírio branco jogado atrás da árvore escura, que serve de abrigo para os esquilos do vale, que assistem ao pôr-do-sol de cores incandescentes, ofuscando a visão da mulher de vestido rosa que passa em frente ao rio.
Realmente, só a carta merece mais dedicação em sua interpretação do que a própria vida da pessoa!

Mas enfim, depois de dois jogos de tarô, descobri que - atentem bem, é uma descoberta supreendente - minha vida se encontra numa encruzilhada.
'Minha nossa!', vocês dirão.
Não é surpresa pra mim, para descontentamento geral.
Seria uma surpresa se, por um lapso do destino, eu escolhesse um caminho por fim!

Uma carta em especial me causou um pouco de desconforto.
Nessa carta paira a dúvida, o conflito, a indecisão. (não diga!)
Há uma mulher e um cachorro sem face por olharem para muitos lugares ao mesmo tempo.
Há uma atmosfera escura, uma lua aparentemente plácida e uma paisagem aterradora.

Mas o que me atraiu maior atenção foi a presença de um caranguejo, aos pés da moça.
'O caranguejo não sabe a qual mundo pertence...' disse o livro de interpretação - minha irmã ainda não é taróloga profissional, tenham paciência- 'ele vive ao mesmo tempo em comunhão e repulsa com a água e a terra, se divide entre o sólido e o líquido. Pertence aos dois mundos, não admite invasões ou salvamentos, vive num impasse.'


Caranguejo, caranguejinho.
Sua aparência antes me repelia, sua carne me servia de almoço.
Mas agora sua personalidade me atrai, me intriga.



Por que me rendo a essas divagações, quando poderia estar fazendo algo, então?
...
Boa pergunta.

Um comentário:

Marina disse...

Vou ser clara, sem muitas palavras embaralhadas ou que necessitem ser procuradas em um dicionário! x]
Não procure nas cartas, a resposta daquilo que quer encontar.
O seu futuro não está escrito em nenhum lugar.
Se tem dois caminhos a escolher, arrisque-se a seguir somente um. Independente se é certo ou errado Imagens não vão te mostrar aonde ir.
No meio da estrada coisas inesperadas acontecem e NADA e nem ninguém pode prever isso. Depende de você contorna-las.
Enfim, faça o que achar certo pra você, e não o que um pedaço de papel mostra o que deve fazer.