8 de maio de 2009

O Fluxo Mental da Espera

Será que demora?

Frio hoje; não existe mais educação hoje em dia; onde será que escondem o pudor; sem preconceitos, me disseram; acho que só estaria livre de preconceitos se conhecesse todas as pessoas do mundo; todas as pessoas do mundo me assustam; ainda mais aquelas que estudaram na USP; não sei fazer indicações pra quem sabe mais que eu; gosto de achar que sei mais que os outros; pareço que sei mais quando os outros parecem que sabem menos;

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Acho que é ele...
Será que é?
Como demora!


Ai esse cheiro de pipoca; murcha, feita há 5 horas...mais ainda cheira bem; não me deixar levar pelas aparências...; mas a capa daquele livro era tão atraente; será que minha capa atrairia mais do que meu conteúdo; gosto das escuras, que contrastam com o papel amarelado; gosto das duras, com ranhuras minúsculas, inertes; como uma impressão digital; impressão; a primeira é a que fica; que impressão é essa, que define a identidade sem que para isso sejam necessários dedos molhados em almofadas tinteiras; ela disse 'um ponto de concentração nos desfaz dos preconceitos';

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Agora é, com certeza!
Que certeza, o quê?! Tão lento que chega a dar ódio.
Queria ter algo pra me distrair.
Umas palavras cruzadas talvez...
Seria bom.


Meus pés doem; minhas panturrilhas também; e todo o corpo se une num boicote generalizado; ponto de equilíbrio; pés afastados, joelhos levemente inclinados no eixo do quadril, em harmonia com as costas; e a cabeça?; pende solta; tento me buscar nos outros; não estou alí; de fato, sou preconceituosa; queria não ser tão criteriosa; dizem que o critério define a qualidade; critérios demais me fazem ver com uma viseira; como se eu colocasse uma forminha de biscoito em formato de flor em frente aos olhos, e só o que visse fossem flores; uma floricultura não funcionaria caso não existissem compradores; a plantação de flores não cresceria não fosse a água e o sol; quero ver os compradores também; e o sol; e a água; não quero olhos moldados numa fôrma;

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Olha ele lá.
Não enxergo bem.
Será ele mesmo?
Não, mais uma vez.


Um casal bonito; os casais são bonitos; eles vivem por eles; não querem mais do que um ao outro; os verdadeiros casais; não há preconceitos; tudo se apazigua no olhar do casal; mesmo sendo um olhar de prenúncio de algo feito sob lençois; dá pra sentir o amor; consigo me identificar; mas tenho inveja; toda a linha artística do tempo é contraditória; um movimento em oposição ao outro; nunca consigo pensar plenamente no amor; plenamente na raiva; plenamente na tristeza; penso no amor e me vem a inveja dos que se amam sem distância; penso na raiva mas logo não vejo fundamento nela; penso na tristeza e penso tanto que causo lágrimas fora do contexto, me fazendo vítima; ó vítima que sou!; tão hipócrita escondendo esses pensamentos pra mim mesma; tão vítima quanto um pscicopata; tão psicopata quanto uma borboleta; elas sim, as borboletas; elas me assustam mais que tudo;

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Lá em cima a lua brilha forte.

Acho que o seu combustível é o frio.
Tem uma aura gorda hoje. E avermelhada.
E mais pra baixo, lá na frente, o que é?
É o ônibus.
Chegou.


Sobre o que pensávamos mesmo?

2 comentários:

Arthur disse...

Aahuahuahua!! Demais!! Adorei! Esperava que fosse tudo, menos o ônibus.

Deixar a hipocrisia de lado e admitir que somos todos pré-conceituosos natos, não é algo fácil, mas preciso.

Estrutura diferente. Muitos ";".

Livros também me atraem. Principalmente os de capa dura! ;)

Beijos Marô!

Felipe Mandu disse...

todas as pessoas do mundo me assustam; ainda mais aquelas que estudaram na USP; não sei fazer indicações pra quem sabe mais que eu; gosto de achar que sei mais que os outros; pareço que sei mais quando os outros parecem que sabem menos;

realmente, MUITO BOM