1 de setembro de 2013

Av. Brigadeiro Luis Antônio, 1343

Num canto, um saco de lixo preto que às vezes respira.

De plástico negro, moldado, impermeável, sabe-se lá que lixo orgânico o preenche. Reside nas madrugadas da mesma calçada há tempos. Habita o horário que segue a passagem do lixeiro.
E sempre que passo, a mesma sensação. E se passar pela cabeça de alguém, um dia, recolher esse saco? E se o lixeiro atrasar? Se ocorrer a alguém botá-lo num desses grandes caminhões, a mercê de um destino comum a tudo que descartamos? Se alguém tentasse abri-lo? O que queimaria se um cigarro fosse esquecido aceso ali por um transeunte distraído?

Um ruído se ouviria, penso eu. 
Um gemido tão bêbado que não passaria de ruído
Nenhuma reclamação surgiria de um saco de lixo que vive para não atrapalhar a passagem.

E no entanto eu vi ali algo se mexer.


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