Aos visitantes, recomendo cautela na leitura destes pensamentos.
Todo eu-lírico é cartesiano na medida em que compreende seus eixos a cada cálculo, e é pelos eixos que o desenrolar das palavras se dá. Mas a razão de um eu-lírico ao eu-lírico pertence.
Todo eu-lírico é cartesiano na medida em que compreende seus eixos a cada cálculo, e é pelos eixos que o desenrolar das palavras se dá. Mas a razão de um eu-lírico ao eu-lírico pertence.
A expressão é ficcional, por si. Não há ali pretensão de traduzir qualquer realidade, mas de reconfigurá-la em outro formato, para que seja possível a ver com distância e assim conseguir falar sobre ela. Só com espaço as palavras se movimentam.
A expressão do espírito é ficcional porque a realidade às vezes é fétida e horrenda.
(Ficcionalizar o fétido e horrendo é descrever um pântano e suas brumas, seu lodo que penetra as meias e os orificios todos, é sentir no enxofre o cheiro do diabo e acreditá-lo ali) Mas não só. A expressão do espírito é ficcional porque a realidade é de fato poética, inclusive no que há nela de podre - talvez principalmente pelo que há nela de podre.
E sobre a inconstância, volto aos eixos. Não há ser humano que ande em linha reta. Os pensamentos e emoções são equações complexas que geram no espaço e no tempo curvas ao mesmo tempo próximas e imensuravelmente distantes da noção de infinito bem como das abcissas e ordenadas e de tudo aquilo que é reconhecível.
Há aqui o complexo de uma vida, e este não deve ser lido ao pé da letra, mas nas letras que os pés escrevem.