25 de janeiro de 2008

Esteriótipos de horas.

"Ei, que horas são?"

Hora de criança dormir.
Hora da janta.
Hora de ver novela.
Hora da missa.
Hora de acordar.

Quem determina as horas?
Por que há um limite para elas?
Por que, em certo momento, a hora acaba, mesmo que isso não interfira no andamento do tempo?
Tudo terá uma hora para acabar?
Ou será o fim dessa hora apenas o começo de um grande momento?

Horas são relativas, eu digo.
O que estará um homem, que acabou de perder o filho num acidente, fazendo durante o nosso jantar?
O que estará uma criança faminta fazendo enquanto jogamos as sobras do almoço fora?
O que estará um casal de jovens apaixonado fazendo num quarto de hotel enquanto nós temos uma conversa sobre o preço do feijão?
E uma mulher de meia idade, feliz no casamento, feliz no trabalho, o que estaria fazendo se pendurando no parapeito da janela enquanto oferecemos produtos pelo telefone?
Ou o que estaria pensando um homem que atravessa a rua enquanto, a km de distância, eu choro de tristeza?

Horas deveriam ser (in)definidas pelos pensamentos, pelos humores, pelas situações não-esclarecidas.

Hora de chorar.
Hora de se inconformar.
Hora de ser apático.
Hora de ser beijado.
Hora de se perguntar por quê?
Hora de se arrepiar.


Uma vida não deveria ser limitada por horas.
"Esteja aqui antes das 11!"
E os dias sub-divididos por elas.
"Meia-noite"
Horas são paralelas, equivalentes.
Maldita mania do homem de botar limites em tudo!
E prazos. E validades. E cobranças.


Acredito sim nos momentos.
Momentos duram horas, dias até. Ou segundos.
Duram o tanto quanto forem necessários.
E assim deveriam ser as horas.

Acordarei no pôr-do-sol e dormirei na alvorada.
As buzinas da hora do rush embalarão meu sono.
E a hora da lição de casa será para brincar de Barbie.
Darei risada durante uma cirurgia.
Ouvirei música enquanto o PCC queima ônibus.
Chorarei durante a apresentação do palhaço.
Citarei Dostoiévski enquanto discutem a Turma da Mônica.
Ficar com cara de ânus enquanto todos rolam na gargalhada.

Eu faço as minhas horas.
My Personal hours.
Adaptáveis e imutáveis. Profundas e superficiais.
Mas são MINHAS horas.


Xô mundo!

3 comentários:

Anônimo disse...

rsrsrsrs

acho que o melhor texto seu que eu já li... muito bom...

mas calma, ou não... faça suas regras, defina seus momentos, mas cuidado, o mundo cobra caro daqueles que não seguem seus padrões...

Anônimo disse...

Ei moça,

Gabriel falando! Gostei do texto, alias citando Blake sobre as horas,
"podem se medir horas de tolice, mas quem medirá as de sabedoria?"

Fico o tempo todo pensando nisso também.

Mas agente vive de adotar convenções e padrões, tantos quantos possíveis.

Textículos do Bean 2.0 disse...

Sem sono. Hoje não tem 24 horas (as do Jack Bauer, tá?). Sem nada pra fazer. Caí aqui.Culpa da Bibi Ferreira.
Eu já tive um blog. Tenho ainda, mas está suspenso devido aos baixos índices de audiência.
Gostei do seu texto.

Feliz Carnaval

Rafael Bean