Sento num sofá e ouço.
Quase como obrigação, me ponho a pensar.
O pensar necessário, porém indiferente no cotidiano.
Queria ter a prolixidade que tantos apresentam, que todos prezam.
E desmoronar palavras sobre as mentes, sobre os corações distráidos.
E fazê-los pensar também.
Queria também dizer em um olhar o que não se é dito em um livro inteiro.
A capacidade de emocionar.
O poder de arrepiar o coro cabeludo com um relato.
Queria ser Lispector.
E me deleitar confortável no pensamento dos que nunca pararam para pensar.
Nada do que digo parece palpável aos olhos dos que escutam.
Talvez erre ao tentar convencer.
A persuasão nunca foi um dos meus fortes.
E no entanto, prossigo justificando, e tentando me fazer entender.
Quando poderia ser entendida de tantos outros modos.
Talvez não deva argumentar ou questionar.
Afirmar parece ser a solução.
Mas se minhas afirmações buscam respostas, seriam então interrogações?
E a solução?
Estaria ela no fim
ou na resolução?
Na resolução final, no fim agradável?
Não há soluções, nem respostas que me satisfaçam.
E no entanto as busco sempre.
E a busca prossegue, atrapalhando meus pensamentos.
Aqueles que deveriam ser expostos.
E continuam atrás da neblina densa do "que fazer?", "como agir?" e "mas e se...?"
E a leveza solta dos pensamentos
De repente se torna dura, dolorosa.
Impede o agir, o prosseguir.
Quando no entanto, pensar é o próprio ato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário