28 de outubro de 2012

um texto de algum tempo sem conjugação

Me peguei assim de repente entre o vir e ir.
Apnéia é a metáfora. A quase dor que surge entre o inspirar e o expirar.
O tempo suspenso num ar represado, o tal tempo dolorido do presente.
O tempo de ver-se a um só tempo diante de um futuro reticente e de um passado cheio de certezas irrevogáveis.

É o tempo da reza úmida, que chora pelos que foram, pelos que estão indo, pelos que irão.
Só um aperto na garganta denuncia o futuro. Mas pode ser gripe.
Fato é que me vi assim, sem pertencer nem ao futuro nem ao passado de ninguém. Mas com correntes em volta de mim mesma, que me puxam para qualquer destino próprio. Quisera ter correntes nos olhos, para que eles não se perdessem na paisagem dos presentes alheios. Sinto falta de ser presente. Sinto falta do passado. Sinto falta dos futuros já substituídos. O que poderia ser somado ao que parece ter sido e ao que é...



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